Sucôt (Tabernáculos) Z’man Simchatenu – Tempo da Nossa Alegria

A festa de Sucôt (Tabernáculos ou Tendas) é uma das mais importantes festas bíblicas, cheia de simbolismo e significado profundo. Ela é chamada de “A Festa” em Levítico 23:39 e, sem dúvida, é a celebração bíblica com o maior significado profético para Israel e para toda a humanidade. Durante Sucôt, nós declaramos: “Z’man Simchatenu” – Tempo da nossa alegria! É um tempo de celebração, alegria e reflexão sobre nossa relação com Deus e nosso papel como Seu povo. Vamos entender o mandamento divino que dá origem a esta grande celebração:

“Porém aos quinze dias do sétimo mês, quando tiverdes recolhido do fruto da terra, celebrareis A FESTA do SENHOR por sete dias; no primeiro dia haverá descanso, e no oitavo dia haverá descanso. E no primeiro dia tomareis para vós ramos de árvores bonitas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeiras; e vos alegrareis perante o SENHOR, vosso Deus, por sete dias. E celebrareis esta festa ao SENHOR por sete dias cada ano; é um estatuto perpétuo pelas vossas gerações; no sétimo mês a celebrareis. Durante sete dias habitareis em tendas; todos os naturais de Israel habitarão em tendas; para que as futuras gerações saibam que eu fiz os filhos de Israel habitarem em tendas, quando os tirei da terra do Egito. Eu sou o SENHOR, vosso Deus.” (Lv 23:39-43)

Sucôt nos convida a lembrar dos milagres e da provisão que Deus fez pelo povo de Israel enquanto eles atravessavam o deserto, vivendo em tendas após sair do Egito. Mas, mais do que uma lembrança distante, os mandamentos de Deus não são apenas simbólicos. Eles são ações reais e práticas, que nos ensinam lições importantes sobre o amor e a fidelidade de Deus. Assim, conforme o mandamento que é “estatuto perpétuo”, durante os dias de Tabernáculos, construímos tendas em nossos quintais ou varandas, e passamos um tempo nelas durante a festa.

Essas tendas, ou Sucás, são decoradas com elementos naturais, como frutas e folhagens, e também com os nomes dos nossos “convidados especiais”, chamados de “Ushpizin” – Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Arão e Davi. Esses são os patriarcas e líderes de Israel, homens de fé que representam a história e a herança espiritual do povo judeu. Tabernáculos também é uma oportunidade de receber amigos e familiares, compartilhando a alegria e a presença de Deus. A festa é marcada por um espírito de hospitalidade e união, reforçando a importância da comunidade em nossa fé.

Um elemento importante de Sucôt são as quatro espécies de vegetais (“arba minim”), que são usadas nas orações durante os dias da festa. Elas são: o luláv (palmeira), o hadáss (murta), o aravá (salgueiro) e o etróg (um tipo de cidra). Esses elementos representam a diversidade do povo judeu e simbolizam a unidade entre todos, desde os mais estudiosos até os mais simples, todos louvando a Deus juntos. Essa ideia de unidade também é vista como um paralelo com a Igreja, mostrando a diversidade e a união de todos que servem ao Criador.

Essas quatro espécies são sacudidas em seis direções diferentes durante as orações: para o norte, sul, leste, oeste, para cima e para baixo. Isso simboliza a presença de Deus em todas as direções e Sua soberania sobre toda a criação. É um ato de fé que nos lembra que Deus está presente em todos os lugares, protegendo e guiando Seu povo. Além disso, cada uma das quatro espécies tem um significado especial. O etróg, com seu aroma e sabor, simboliza aqueles que têm tanto o conhecimento da Torá quanto boas ações. O luláv, com sabor mas sem aroma, representa aqueles que têm conhecimento da Torá mas não têm boas ações. O hadáss, com aroma mas sem sabor, simboliza aqueles que têm boas ações mas não têm conhecimento da Torá. E o aravá, sem aroma e sem sabor, representa aqueles que não têm nem conhecimento da Torá nem boas ações. Mesmo assim, todos são importantes e todos louvam a Deus juntos, mostrando a importância da unidade do povo.

Durante Sucôt, normalmente não dormimos na Sucá (embora muitas crianças e jovens gostem de tentar), mas fazemos nossas refeições dentro dela, lembrando que, assim como a Sucá é temporária, nossas vidas também são. Nossa verdadeira segurança está no Eterno. Outro ponto importante é que Sucôt acontece no mês de Tishrei (setembro/outubro), que é um período de chuvas em Israel. Morar em uma estrutura frágil, sujeita às chuvas, nos faz lembrar que somos totalmente dependentes de Deus para tudo. O ato de viver na Sucá é uma experiência que nos lembra da fragilidade da vida humana e da confiança que precisamos ter no Eterno para nossa sobrevivência e bem-estar. A Sucá, com seu teto feito de ramos que nos permite ver as estrelas, nos lembra da criação de Deus e da Sua grandiosidade, enquanto nos ensina humildade e dependência.

A água também é um símbolo central em Sucôt. Quando o Templo ainda existia em Jerusalém, havia uma cerimônia especial chamada “Simchat Beit HaShoevá” ou “Regozijo da Casa da Libação da Água”. No último dia da festa, o sumo sacerdote ia até a Fonte de Siloé, onde recolhia água em uma bacia de ouro, e, acompanhado de uma procissão alegre, voltava ao Templo e derramava essa água aos pés do altar, simbolizando a oração do povo por chuvas e pela bênção de Deus sobre a colheita. Nesse momento, eram proclamadas as palavras do Salmo 118:

“Este é o dia que fez o SENHOR; regozijemo-nos e alegremo-nos nele. Salva-nos (Hoshiana), agora, te pedimos, ó SENHOR; ó SENHOR, te pedimos, prospera-nos. Bendito aquele que vem em nome do SENHOR; nós vos abençoamos desde a casa do SENHOR.” (Sl 118:24-26).

Foi exatamente durante essa celebração que Yeshua (Jesus) estava presente no Templo e, vendo a procissão e o clamor do povo por salvação, se levantou e proclamou: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba! Quem crer em mim, como dizem as Escrituras, rios de água viva correrão do seu interior” (João 7:37-38). Ao dizer isso, Yeshua estava se apresentando como o cumprimento das profecias, como a fonte da água viva que sacia a sede espiritual da humanidade. Ele se revelou ali como o Messias, o Ungido de Deus, aquele que traria a redenção prometida. Essa declaração de Yeshua foi um momento poderoso, pois conectava diretamente a simbologia da água, que traz vida e fertilidade, ao papel Dele como o Messias que traz a vida eterna e a restauração espiritual.

Sucôt também tem um significado de universalidade. Durante os dias da festa, setenta sacrifícios eram oferecidos no Templo, simbolizando as setenta nações da terra, lembrando que Deus não é apenas o Deus de Israel, mas de toda a humanidade. Esse é um aspecto único de Sucôt: a mensagem profética de que um dia todas as nações irão a Jerusalém para adorar ao Eterno (Zacarias 14:16). Assim, a festa aponta para o futuro, quando o Reino de Deus será estabelecido sobre toda a terra e todas as nações reconhecerão a soberania do Eterno. Esse simbolismo é uma lembrança importante de que o plano de Deus sempre incluiu toda a humanidade. A festa de Sucôt é uma antecipação do tempo em que haverá paz e harmonia entre todas as nações, quando todos reconhecerão o Eterno como o único e verdadeiro Deus.

Sucôt também nos lembra da importância da gratidão. Durante os dias da festa, celebramos a colheita e agradecemos a Deus por Sua provisão. É um momento de olhar para tudo que recebemos e reconhecer que tudo vem do Eterno. A conexão entre Sucôt e a gratidão pela colheita mostra como a fé está entrelaçada com a vida cotidiana. Tudo que fazemos – seja plantar, colher ou construir – está ligado à nossa relação com Deus. Celebrar Sucôt é reconhecer que, sem a bênção do Eterno, não podemos ter sucesso em nada. Essa é uma lição que se aplica tanto ao povo de Israel quanto a toda a humanidade.

Outro costume durante Tabernáculos era a leitura pública do livro de Deuteronômio pelo líder da nação – fosse um rei, juiz ou profeta – diante de todo o povo, incluindo os peregrinos de outras nações. Esse costume reforçava a importância da Torah como guia de vida para todos que desejam seguir a Deus. Era um momento de instrução e renovação do compromisso com os mandamentos divinos. Durante essa leitura, o povo de Israel era lembrado de sua história, de como Deus os havia libertado do Egito e de suas responsabilidades como Seu povo escolhido. A leitura pública era um ato que unia o povo em torno da Palavra de Deus e os incentivava a viver de acordo com os Seus ensinamentos. Também era uma oportunidade de compartilhar a sabedoria da Torah com os visitantes de outras nações, mostrando-lhes o caráter de justiça e amor do Deus de Israel.

Portanto, celebrar Sucôt é celebrar a esperança no Messias e a fidelidade do Eterno em habitar entre nós. Por meio de Yeshua, o Messias, temos a presença de Deus em nossos corações, e a Sucá se torna um símbolo da nossa relação íntima e direta com Ele. Que possamos, nesta Festa de Sucôt, declarar com alegria: Chag Sukôt Samêach! (Feliz Festa de Sucôt!) E lembrar que, assim como Israel foi sustentado pelo Eterno no deserto, também somos sustentados diariamente por Seu amor e Sua graça. A celebração de Sucôt nos lembra que somos peregrinos nesta terra e que nossa verdadeira morada é com o Eterno. Que possamos viver nossas vidas com alegria e gratidão, confiando plenamente no Deus que cuida de nós e nos guia, e que possamos compartilhar essa esperança com todos ao nosso redor.

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